A Linguagem do Prazer

A Procura pelo Prazer

Estamos, tantas vezes, em busca do prazer…

Queremos que o prazer responda num momento específico, como se ele fosse controlável, como se fosse algo objetivo, algo palpável, algo que podemos chamar e mandar embora quando queremos. Queremos que ele esteja ao nosso dispor para chegar e ir embora quando assim o entendemos.

E, na verdade, é compreensível. Ensinaram-nos a pressa, ensinaram-nos o disfrute apenas como recompensa de trabalho árduo, ensinaram-nos que o valor vem da produtividade e que os instantes de prazer devem ser apenas isso, instantes.

Esqueceram-se de nos dizer que se o nosso corpo nos permite ter tantas sensações de prazer é porque, na realidade, as merecemos só por existirmos.

A Linguagem do Prazer Requer Tempo

O prazer e o tempo são amigos íntimos.

O prazer requer tempo: tempo para se expressar e tempo para ser entendido.

O prazer expressa-se na medida em que o corpo o permite, na medida em que o corpo quer, na dedicação e entrega que lhe proporcionamos e nos proporcionamos.

Não sei se já ouviste dizer mas o corpo tem uma inteligência própria. E, por isso, a sua expressão é diferente daquela que conhecemos no dia-a-dia apressado e preocupado.

O prazer não conhece pressa, não conhece ansiedade, não conhece preocupação – conhece apenas momento presente.

O Prazer Expressa-se de Forma Simples e Precisa de Escuta

Talvez o ser humano tenha deixado de lado esta linguagem, por considerá-la “simples de mais”.

A linguagem do prazer é a linguagem das sensações. Ela expressa-se no próprio corpo: na postura recetiva, nas bochechas rosadas, na pele arrepiada, nas pupilas dilatadas, no sangue a fervilhar, no coração a palpitar intensamente, na lubrificação que escorre entre as coxas.

Mas precisas de querer ouvir o que o corpo te está a dizer, ele sabe como obter prazer, afinal de contas, é através dele que o sentes - escuta-o, percebe os seus sinais. Toda a comunicação envolve escuta.

Como te Tornas Fluente Nesta Língua?

A fluência vem com a prática.

O que podes praticar para te tornares fluente?

- Respira de forma profunda e calma, conectando-te com o presente;

- Dá tempo ao teu corpo para ele se expressar, aproveitando aquela manhã, tarde ou noite livres para travarem conhecimento, explorando cada recanto seu;

- Respeita o tempo que o corpo pede, se te pede um ritmo lento, segue-o;

- Deixa que o corpo ganhe a sua vontade própria como se dançasse a sua própria dança – ele sabe o que faz;

- Acaricia-te a ti e/ou ao teu parceiro/a com profunda intenção de conexão e entrega;

- Dedica-te a conhecer as novidades com um olhar curioso.

Não te esqueças: a linguagem do prazer é uma linguagem à qual nos desabituámos e há muito que nela não somos fluentes, por isso, tal como se fosses aprender uma nova língua, tem paciência com ela e dá-lhe toda a atenção que ela necessita – vais ver que só tens a ganhar com isso.

Vou contar-te um segredo: quando o corpo se sente escutado, o prazer ganha uma expressão ainda maior.